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A importância da técnica de Asset allocation

O que é a técnica de asset allocation? Vejamos algumas definições:

  1. Alocação de ativos é uma estratégia de investimentos que busca melhorar a relação entre risco × retorno através do tamanho da posição, ou seja, o quanto o investidor investe em cada ativo de acordo com a sua tolerância ao risco, metas e horizonte de tempo. Mais de NOVENTA POR CENTO DA VARIAÇÃO DO RETORNO DE UMA CARTEIRA DE INVESTIMENTOS NO LONGO PRAZO É ATRIBUÍDA A SUA ALOCAÇÃO DE ATIVOS. A porção restante (menos de dez por cento) é atribuída ao market timing (momento de compra e venda de um ativo) e a escolha de determinadas ações individuais e títulos. Portanto, lembre-se que a alocação de ativos, ou seja, o quanto você destina para cada investimento em sua carteira, é nove vezes mais importante do que quando você compra determinado ativo e qual é esse ativo. Ao investir, pense no quanto ao invés de qual e quando (CARVALHO, 2012).
  2. Asset Allocation: processo de distribuição do portfólio de um investidor entre diferentes ativos buscando uma relação equilibrada entre riscos e retornos, ajustando o percentual em cada ativo de acordo com o perfil de risco, os objetivos e o horizonte de tempo do investimento.
  3. A gestão de alocação de ativos acompanha as grandes tendências do cenário econômico e dos mercados, procurando analisar as implicações para o comportamento de um conjunto restrito de grandes classes de ativos que seja amplamente representativo das alternativas de investimento no mercado. O gestor de alocação de ativos tem uma visão ampla do mercado e concentra-se em como alocar nas grandes classes de ativos do mercado com um horizonte de investimentos de pelo menos três meses (BRITO, 2006).

Para ilustrar de forma clara a importância da técnica de asset allocation, colaciona-se a figura destacando os fatores mais importantes para o retorno de um portfólio.

Fonte: “determinants of portfolio perfomance II: an update”, Gary Brinson, Brian Singer and Vilbert Beebover apud notas de aula da professora Cristiane Parisi.

Ou seja, pela simples análise do gráfico anterior, pode-se concluir que a técnica de asset allocation representa 82% (oitenta e dois por cento) do sucesso de uma carteira de investimentos.

[1] CARVALHO, Henrique Pires Sales. Alocação de investimentos: do pânico à euforia, o caminho mais seguro (e rentável) para investir de modo inteligente e profissional sem precisar de uma formação avançada em finanças. São Paulo: HC Investimentos, 2012.

[2] PARISI, C. Asset allocation. São Paulo, 2020. Notas de aula do Curso de Pós Graduação lato sensu MBA em Investimentos e Private Banking da Infomoney.

[3] BRITO, Ney Roberto Ottoni et al. Alocação de Ativos em private banking. Porto Alegre: Bookman, 2006.


Breves comentários sobre o planejamento previdenciário

Após a reforma da Previdência, ocorrida em novembro/2019, o planejamento previdenciário tornou-se importantíssimo na vida de qualquer pessoa que almeja um dia a sua aposentadoria.

Por definição, o planejamento previdenciário consiste na análise completa e detalhada do histórico profissional e das contribuições previdenciárias realizadas ao longo da vida de um segurado, junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com o intuito de identificar os direitos atuais e futuros. A vantagem do planejamento previdenciário está na possibilidade de sanar problemas no presente para garantir um benefício justo no futuro, com uma aposentadoria digna e suficiente para manter o seu padrão de vida. (FONSECA, 2020).

Vale lembrar que no momento de desacumulação do patrimônio, as despesas com plano de saúde, remédios e seguro de vida aumentam consideravelmente.

Analisando a tabela a seguir, referente aos salários de contribuição, pode-se concluir que o valor máximo de contribuição para a Previdência Social é de 7.507,49. Além disto, o referido valor também limita o valor máximo a ser recebido no caso de um pedido de aposentadoria. Este valor também é conhecido com o “teto previdenciário”.

SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃOALÍQUOTA
Até R$ 1.320,007,5%
De R$ 1.320,01 até R$ 2.571,299,0%
De R$ 2.571,30 até R$ 3.856,9412,0%
De R$ 3.856,95 até R$ 7.507,4914,0%

Fonte: site da Previdência Social na internet, tabela para empregado, maio de 2023.

Se você é empregado privado ou funcionário público, contribuir para o regime Público ou para o regime próprio de Previdência Social é uma obrigação. Mas, se você for profissional autônomo, a contribuição obrigatória é discutível. Alguns doutrinadores entendem que a contribuição deverá ser feita sobre a sua receita total, limitada ao “teto previdenciário”. Por outro lado, se for sócio de uma empresa, você possui duas formas de ser remunerado: através do pró-labore (ou retirada) e do lucro da sua empresa. Neste caso, fica a seu critério estipular o valor do seu pró-labore. Cabe lembrar que sobre o pró-labore incide a contribuição para o INSS e o Imposto de Renda. Já os lucros são isentos de ambos os tributos.

O planejamento previdenciário vai muito aquém da contribuição para a Previdência Social. Mesmo que uma pessoa consiga receber o “teto previdenciário”, após a reforma da Previdência, o referido valor provavelmente não será suficiente para a manutenção do seu padrão de vida.

Não há motivos também para contar com o sistema de previdência pública no Brasil. O mecanismo de acumulação é extremamente ineficiente e a poupança produzida por cada trabalhador é do sistema, e não individual. Se o mesmo recurso que você direciona hoje ao INSS fosse investido de maneira conservadora em fundos de renda fixa ou Planos de Previdência Privada, seu dinheiro se multiplicaria com mais eficiência, segurança e previsibilidade e, nas últimas décadas de sua vida, seria só seu. Mesmo que você confie e se satisfaça com o modelo da previdência pública, sua renda não estará assegurada na aposentadoria. Se contribuir pelo máximo (o chamado “teto”, começará a receber uma aposentadoria que será corrigida, ano a ano, por índice de inflação muito aquém da realidade dos idosos. Ano após ano, o aposentado verá seu poder de comprar cair, convergindo para o mínimo pago pelo INSS, que será o salário mínimo – aquele mesmo, que mal paga uma cesta básica. (CERBASI, 2013).

Sob a ótica de investidor com um mínimo de conhecimento, “investir” na Previdência Social seria um péssimo investimento, mas, ainda assim, seria um investimento, pois, conforme já foi mencionado, o pró-labore é fixado conforme a vontade dos sócios. Em suma, você escolhe quanto será o valor da sua contribuição para a Previdência Social.

[1] FONSECA, Aline. Planejamento da aposentadoria: contagem do tempo de contribuição e renda. Palmas-TO: 2020.

[2] CERBASI, Gustavo. Investimentos inteligentes. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.


A relação entre risco e retorno

Os principais tipos de riscos aos quais os ativos estão expostos são:

  1. Risco de mercado: está ligado à oscilação no preço dos ativos, ocasionada por diversos fatores, desde as condições macroeconômicas até eventos específicos que afetam determinados setores ou empresas (PIELLUSCH, 2020). Exemplos: variações dos preços de commodities, da taxa de câmbio, da taxa de juros e de ações;
  2. Risco de crédito: está presente quando uma contraparte tem o dever de cumprir uma obrigação financeira (SOUSA, 2018), ou seja, está relacionado com a probabilidade de um emissor de uma dívida não honrar com os juros acordados ou até mesmo não pagar a dívida principal (PARISI, 2020);
  3. Risco de liquidez: ocorre quando não é possível liquidar um ativo de forma fácil, rápida e sem perda substancial de seu valor (PARISI, 2020);
  4. Risco legal: ocorre pelo não cumprimento de regras e condições pactuadas no momento do investimento, ou seja, uma quebra de contrato (PARISI, 2020). Um exemplo bem interessante da possibilidade de tal risco é quando uma operação envolve partes localizadas em diferentes países; e
  5. Risco operacional: ocorre por falhas no processo de investimentos, podendo ser humanas, de equipamentos, tecnológicas, processuais, etc. (PIELLUSCH, 2020).

O retorno de um investimento é a razão entre o valor recebido ou perdido e o capital aplicado por um investidor em um determinado ativo. A referida razão é medida em um intervalo de tempo e, em regra, é apresentada na forma de porcentagem.

Todos os investimentos envolvem algum grau de risco. Esse risco está intimamente associado ao seu grau de retorno esperado, investimentos com baixo risco estão associados a baixo retorno e vice-versa. Um ativo que possua baixo risco e tenha um potencial de retorno alto, quase imediatamente atrai vários investidores e, pela lei de oferta e demanda, seu preço sobe a um nível em que o retorno se iguala a outros ativos de mesma classe de risco. O risco considerado para os investimentos é o seu risco total, ou seja, a soma dos riscos de crédito, de mercado, de liquidez e quaisquer outros que possam estar associados (SOUSA, 2018).

A figura a seguir ilustra de forma didática a relação entre o risco e o retorno de diversos tipos de ativos. Os títulos do governo (Tesouro Direto) possuem o nível de risco mais baixo, logo, o retorno será menor. Já os ativos de renda variável possuem um risco bem maior, logo, o retorno será bem maior.

Fonte: e-book Planejamento financeiro pessoal e gestão do patrimônio (2018).


O benefício da diversificação dos ativos

A teoria moderna da carteira ou portfólio, proposta por Harry M. Markowitz em 1952 e posteriormente expandida por Merton H. Miller e William F. Sharpe, afirma que investidores racionais irão usar o princípio da diversificação para otimizar suas carteiras de investimentos. Esta teoria tem como premissa que os investidores são, na sua essência, avessos a risco, mas consideram também que o risco é inerente à busca por maiores retornos (PARISI, 2020).

A diversificação das classes de ativos é a maneira mais eficiente para o investidor aumentar seus ganhos e reduzir os riscos. O eventual desempenho ruim de um determinado ativo é compensado pelo bom desempenho de outro. No longo prazo, a expectativa é que uma carteira mais diversificada apresente uma maior rentabilidade do que uma carteira pouco diversificada. (SOUSA, 2018).

Na prática, a diversificação consiste em distribuir o capital em diversos tipos de investimentos com o intuito de reduzir o risco, ou seja, “não colocar todos os ovos em uma única cesta”, pois enquanto alguns investimentos estão em queda, outros podem registrar valorização (SOUSA, 2018).

Diversificar é fundamental para o sucesso de uma estratégia de investimentos. Agora é o momento de dar um polimento nessa ideia. Mesmo a estratégia de diversificação merece ressalvas, uma vez que ela existe para diluir o risco – e deve ser utilizada quando o risco realmente se mostrar mais caro do que o próprio custo da diversificação.

A diversificação acaba custando caro quando temos pouco dinheiro investido, uma vez que as transações de valores mais baixos têm menor poder de diluir custo fixos (como as corretagens e emolumentos das operações em bolsa) e os fundos de investimentos cobram taxas de administração mais elevadas para pequenos investimentos. Por isso, prefiro chamar a diversificação ineficiente de dispersão. Seu dinheiro é simplesmente espalhado entre diversas alternativas sem obter vantagem significativa (CERBASI, 2013).

O benefício da diversificação é cristalino no longo prazo e não implementá-lo é deixar de melhorar a relação entre risco e retorno de sua carteira de investimentos. Atenha-se ao seu planejamento de longo prazo e nunca deixe de diversificar, independentemente do perfil de risco (CARVALHO, 2012).

[1] CERBASI, Gustavo. Investimentos inteligentes. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.

[2] CARVALHO, Henrique Pires Sales. Alocação de investimentos: do pânico à euforia, o caminho mais seguro (e rentável) para investir de modo inteligente e profissional sem precisar de uma formação avançada em finanças. São Paulo: HC Investimentos, 2012.

[3] PARISI, Cristiane. Asset allocation. São Paulo, 2020. Notas de aula do Curso de Pós Graduação lato sensu MBA em Investimentos e Private Banking da Infomoney.

[4] SOUSA, Almir Ferreira et al (org.). Planejamento financeiro pessoal e gestão do patrimônio: fundamentos e práticas. 2ª ed. Barueri-SP: Manole, 2018.